quarta-feira, 28 de julho de 2010

Dança Macabra dos Ismos


Huberto Rohden Escreveu:

Dançam com fanatismo mil ismos - rumo ao abismo.
Altissonantes programas - infalíveis panacéias.
Elixires de paz e humana felicidade - na imaculada alvura do lindo papel.
Superlativos ultra-geniais - em vôos de águia e condor.
Morre um ismo - e logo nascem dois ismos sôbre o túmulo do extinto.
Cadáver de ismo é ótimo adubo para novos ismos.
Todos prometem aquilo - que não dão...
Abrem falência - quando auguram triunfos...
Pululam em monturos noturnos cogumelos sem conta - e morrem aos raios solares.
Filhos das trevas - só vivem para as trevas...
Bruxoleiam fogos fátuos sôbre vastos pantanais - iludindo o incauto viajor...
Surgem miragens em pleno deserto - e desvanecem em face da vida real...
Cintilam em mil côres lindas bôlhas de sabão - e desfazem-se ao mais leve contato...
Filósofos apregoam teorias faiscantes - e à porta esperam os coveiros.
Regorgita de esqueletos de ismos o vasto ossário da necrópole mundial.
Estadistas elaboram códigos eternos - para as traças dos arquivos - para a bôca dos canhões.
Garantem harmonia perene - em vésperas de hecatombes infernais.
Ismos sucedem-se a ismos - e acaba tudo em niilismo e anarquismo...
E o único ismo que da babel dos ismos nos poderia salvar - que é dêle?
Onde estás - Cristianismo do Cristo?...
Ah! já sei... Ingrata é a tua mensagem - não a querem os homens ouvir...
Querem os homens reformar o mundo - mas não a si mesmos...
Vivam todos os ismos - mas não morra o egoísmo...
Querem fazer uma grande limpeza - em casa do vizinho...
Querem como o fariseu no templo, rezar o confiteor das culpas alheias - e cantar a apoteose das virtudes próprias.
Por isso não querem saber do único ismo que salvá-los podia do inferno dos ismos.
Por isso sucumbe a lei do amor - ao credo do ódio...
Por isso tripudia a política da raça - sôbre o decálogo do Sinai...
Por isso se apgam as lâmpadas do Cenáculo - ao furacão de esquadras aéreas.
Por isso emudece o Sermão da Montanha - sob o troar dos canhões...
E continua, infrene, delirante, a dança macabra dos ismos - rumo ao abismo.
Assim o quer nosso egoísmo...
Sem Cristianismo...

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